Há dois anos, um grupo de 20 alunos se reuniu para lutar contra as injustiças que começaram a ser praticadas pelo Grupo Galileo Educacional, ao assumir a mantença da UniverCidade no final de 2011. Com muita luta e sacrifício, nos fortalecemos durante a evolução da crise, no início de 2012. Os gestores da UniverCidade nunca permitiram a formação de diretórios, nem quaisquer meios de representação de alunos, professores ou funcionários. Porém, fomos persistentes e em julho de 2012 fundamos o primeiro Diretório Central dos Estudantes, o DCE Sete de Setembro. Nestes últimos anos, representamos o corpo discente e pudemos dar voz àqueles que antes não tinham o direito de ser representado. Juntos, organizamos reuniões, manifestações e ocupamos durante uma semana a Sede da reitoria, dormindo na calçada em busca de soluções que pusessem fim a uma greve que já completava mais de um mês.
Infelizmente, muitos membros não puderam permancecer no Diretório (alguns tiveram seus cursos transferidos para a Gama Filho, outros formaram-se ou trocaram de faculdade). Assim, o DCE foi reformulado e permaneceram 4 membros que até hoje permanecem na luta. Conquistamos nossa vaga no Conselho da UniverCidade, levamos as nossas reivindicações à Brasília, onde pudemos participar de uma Audiência Pública no Senado Federal. Estivemos também no Ministério da Educação, em reunião com o Ministro Aloisio Mercadante (e posteriormente,o antes secretário executivo Henrique Paim, que assumiu o Ministério). Denunciamos os crimes cometidos pelo Grupo Galileo Educacional e não nos calamos frente às ameaças e tentativas de desmobilização que sofremos. Participamos da CPI das Universidades Privadas, que denunciou não apenas os gestores da UC, mas outros donos de Universidades que tratam a educação como mercadoria. De tal CPI, nasceu o INSAES (Instituto Nacional de Supervisão e Avaliação do Ensino Superior) que hoje está em Brasília para ser aprovado.
No dia 13 de Janeiro de 2014, fomos chamados à Brasília para receber a pior notícia dos últimos anos: O Ministério da Educação, junto com a SERES, sua secretaria, decidiram descredenciar o Centro Universitário da Cidade e a Gama Filho. Duas grandes instituições de Ensino Superior Privado do Rio de Janeiro fecharam suas portas, deixando na rua mais de 13 mil alunos.
Pela primeira vez, não sabíamos o que fazer, porém sabíamos que mais do que nunca os alunos precisariam contar com nosso apoio, força e coragem de permanecer nessa batalha. E, mesmo com a desolação que se abateu sobre nós, não perdemos as forças de brigar por uma saída digna para todos.
Queremos que saibam que demos o nosso melhor, nos esforçamos até a última gota de suor, abrindo mão muitas vezes de nossas vidas pessoais e acadêmicas para nos dedicar àqueles que representamos. Abrimos mão de finais de semana e feriados, nos doamos integralmente em prol de algo que acreditávamos ser o certo a se fazer. Contamos com o apoio de centenas de alunos, que conosco brigaram pelos milhares que foram prejudicados, brigaram por si mesmos e nunca desistiram de lutar por justiça e um futuro digno. E apesar das críticas, falta de união e interesse por parte de outros, fomos em frente.
Aos que não se sentiram representados por nós, gostaríamos que soubessem que todo o nosso trabalho, sacrifício e dedicação foram por vocês também. Reconhecemos nossas inúmeras falhas, muitas vezes por inexperiência ou pela ânsia em acertar. Sabemos ser impossível agradar a todos, mas nos dedicamos igualmente pelo bem de todos, independente de apoio. Fizemos nosso melhor.
Hoje, dia 15 de Setembro encerramos o DCE Sete de Setembro. O sentimento é inexplicável. Não temos como conter as lágrimas que vêm aos olhos ao escrever este texto. Gostaríamos que soubessem que tudo o que conquistamos e aprendemos nestes dois anos será levado para sempre conosco. E acreditem, crescemos muito ao lado de cada um de vocês. Muito obrigada por nos ensinarem dia a dia. Apesar de sermos apenas quatro jovens estudantes, pudemos fazer História. Deixamos nossa marca aqui, e nossa vida nunca mais será a mesma.
Seguiremos nosso caminho, mas sempre estaremos prontos para as batalhas que surgirão.
No dia 18/07/2014 realizamos nossa última ação oficial, devolvendo os documentos encontrados no lixo pela aluna Tatiana Martins à UniverCidade - Campus Madureira, representada pelo senhor Geraldo a pedido do Ex Diretor da UC professor Wanderley Cantieri.
Ressaltamos que anteriormente buscamos a Defensoria Pública, porém esta se recusou a receber tais documentos, alegando já ter passado muito tempo desde que foram encontrados.
Ressaltamos que anteriormente buscamos a Defensoria Pública, porém esta se recusou a receber tais documentos, alegando já ter passado muito tempo desde que foram encontrados.
Aos que iniciaram essa história conosco, o nosso muito obrigado. O apoio de vocês foi fundamental. Ex membros do DCE: Kallandra Guilhome, Viviane Constant, Diego Farias, Danielli Menezes, Leonardo Nogueira, Ricardo Oliveira, Anderson Pereira, Felipe dos Santos, Yasmin Gomlevsky, Fellipe Dillan, André Miguel, Marcus Vinicius, Osmar Rodrigues e Sandro Rabelo.
Ao Igor Mayworm, que junto com a União Estadual dos Estudantes do Rio de Janeiro e a União Nacional dos Estudantes, nos ajudou a iniciar a luta. Igor, agradecemos por nos ensinar a militar, por dormir no chão conosco e principalmente por nos mostrar que somos mais fortes e guerreiros do que imaginávamos;
Ao nosso querido amigo e jornalista Diego Francisco, que foi o único a cobrir de forma imparcial toda a crise enfrentada pela UniverCidade através de seu brilhante site Opinólogo. Não temos formas de agradecê-lo por todo o apoio e incentivo ao longo destes anos.
À ex aluna Tatiana Martins, que encontrou os documentos de 806 alunos no lixo. Agradecemos a confiança depositada em nós. Parabéns pelo ato de coragem, que ajudou tantas pessoas.
Ao SINPRO RIO, que disponibilizou o espaço para a entrega dos referidos documentos.
Abaixo seguem algumas fotos desses dois anos de luta
A nossa luta continua!
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"Saudações a quem tem coragem"
